Afinal, qual a origem da gastronomia brasileira?
Por Chef Rafael Braga
Será que veio dos nossos ancestrais, os índios? Ou foi construída quando o país foi colonizado? Portugueses? Holandeses? Negros?
Ou até mesmo mais atualmente, com a vinda dos colonos pós guerras, por exemplo, italianos, japoneses, húngaros, árabes, espanhóis, alemães e poloneses.
A pergunta a se pensar é, qual a origem da gastronomia brasileira? Qual sua identidade e personalidade?
A ideia deste artigo realmente é confundir, tirar um pouco nossa memória gustativa daquela regionalidade dos pratos e retroagir a uma origem mais precisa.
Creio que seja muito importante desmitificar a gastronomia de raiz, do Oiapoque ao Chuí, pois nosso país é continental, imenso geograficamente, com um ecossistema diversificado e pouco aproveitado.
Daí posso começar a trazer o foco desse texto, na regionalidade, pois em cada região teremos características, ingredientes diversificados e originais daquela região.
Por isso, é fundamental ao gastrônomo ou amante da boa mesa, fazer pesquisas, argumentar, buscar a origem, pois sem identidade, não há história!
Mas vamos lá aos primeiros questionamentos, o que é tradicional? Quais foram as contribuições dos colonizadores para nossa cozinha regional? Quando que essa contribuição estrangeira fora introduzida no nosso dia-a-dia?
Não temos certeza, mas podemos ver em todas as mesas brasileiras, como: a macarronada (italiana), a batata rosti (francesa), a salada de grão de bico (árabe).
Por fim a feijoada, que muitos falam ser uma releitura do cassoulet ou cozido português, seria ela um prato tipicamente brasileiro? Mas não foi trazido pelos negros africanos? E agora? Tô confuso!
Então, pensando melhor, podemos chegar a um consenso! Se for pensar na origem brasileira humana, nossos ancestrais são os índios e é muito provável que a origem alimentar venha deles também.
Um ingrediente que está na mesa, quase que diariamente do brasileiro, é a mandioca, seja ela consumida, cozida, em farinha, em goma (tapioca), frita, ou fermentada (tucupi), porém pode ser consumida como bolos, mingais e pudins.
Opa! Então devemos saudar a Mandioca, um ingrediente brasileiro, transformador de nossa gastronomia!
Não vamos esquecer, do milho, açaí, guaraná, dos peixes e do urucum, também cultuados na mesa indígena.
Porém outros ingredientes, costumes, festas e comemorações religiosas foram herdados, como questionei no começo, será que toda essa introdução gastronômica estrangeira, já é uma tradição alimentar brasileira?
Pois a nossa cozinha trivial é miscigenada e muito bem aproveitada, churrascos, feijoadas, tabules e macarronada, são encontrados facilmente em uma mesa tradicional familiar brasileira, seja aos domingos na casa da sogra, seja em uma festa de comemoração em uma data importante.
Como diz a famosa frase, somos brasileiros e não desistimos nunca!
Para finalizar, podemos ir ao debate!
Será que daqui a outros 500 anos, nosso costume alimentar será multicultural e a identidade da gastronomia brasileira será “tudo junto e misturado”?
Referências Bibliográficas:
CAMARA CASCUDO, Luis, da História da Alimentação no Brasil: pesquisa e notas, Belo Horizonte, Itatiaia, 1983.
CAMARA CASCUDO, Luis (e outros), Antologia da alimentação no Brasil, Rio de Janeiro, LTC, 1977.